Com quatro lojas em shoppings, JK, Higienópolis, Paulista e Morumbi, a marca aposta no crescimento dos negócios online
Vamos combinar que o Brasil ainda é, sim, o país do cafezinho. De maneira geral, as pessoas não consomem chá e, no entanto, quando o fazem, se baseiam mais nas qualidades terapêuticas da bebida do que em seu riquíssimo sabor e diversidade. Empreender uma enormidade de dinheiro, por volta de uns R$ 800 mil, há 10 anos, era quase sinônimo de insanidade.
Empreendedorismo, Chás e Design
Mas foi exatamente o que fez a ex-executiva financeira Mônica Rennó e sua sócia, Mariana Schwartsman. “Chegou um momento na minha vida profissional que quis empreender. Numa das minhas viagens internacionais, conheci uma loja da Mariage Frères (www.mariagefreres.com) em Paris e me apaixonei. Vi que não tinha nada parecido no Brasil e tratei de voltar e montar um plano de negócios”, conta.
Então, com o planejamento em mãos – que definia que iria criar uma marca brasileira, com nomes em português, e que não tivesse identidade temática -, foi aos EUA visitar uma das mais importantes feiras internacionais de chá e participar de um boot camp, numa imersão total no tema. “Comprei todos os livros que podia e fiz contato com os melhores fornecedores internacionais de chás a granel”, diz.
Como sempre amou design, contratou ninguém menos que o famoso arquiteto brasileiro, Marcio Kogan,(www.studiomk27.com.br), para projetar sua primeira loja, no Shopping Higienópolis, (www.iguatemi.com.br) em São Paulo.
Definiu também que a Talchá (www.talcha.com.br) teria que ter uma cozinha, serviço, cardápio com comidas e mesas, para o brasileiro tomar seu chá. “Não adiantava só ter venda de chás, não ia funcionar”, afirma.
“Ficamos quase dois anos só com uma loja inclusive para testar nossos conceitos. Depois desse tempo, como o negócio estava indo bem, e precisávamos ganhar escala, resolvemos expandir e abrir outros pontos”, explica. Hoje, são quatro, todas em shoppings da cidade de São Paulo, Higienópolis, JK, Paulista e Morumbi, numa operação complexa que emprega 60 pessoas, todas em regime de CLT.
Os Blends
A Talchá trabalha principalmente com blends de diversos tipos provenientes da Camelia Sinensis e também com puros, esses muito mais caros. Monica compra de grandes importadores que, de acordo com seu briefing, mandam amostras com diferentes proporções dos ingredientes para ela aprovar. “Geralmente, fazemos várias provas antes de aprovar, seguindo as preferências de nossos clientes, de tendências mundiais também. Recentemente, lançamos um chá de cúrcuma, que está fazendo um grande sucesso”, conta. Uma outra preocupação de Mônica é que todos os seus fornecedores tivessem todas as certificações possíveis, para garantir a qualidade dos produtos. A empresária foi superintendente de marketing e relações corporativas da WWF Brasil, (www.wwf.org.br), ong internacional que atua nas áreas de conservação, investigação e recuperação ambiental.
Em sua carta de chás, constam cerca de 80 opções, e os preferidos dos brasileiros são os aromáticos, com flores e frutas. “É normal, até na Europa ainda é assim. O brasileiro ainda não curte muito o chá puro, de uma origem, mas isso é um desenvolvimento que vai acontecer naturalmente. Basta observar o que está acontecendo no mercado de cafés especiais”, comenta.
Recentemente, lançaram a linha Sabores do Brasil, com quatro opções, o mousse de coco e maracujá, goiabada, banana tropical e mate cacau, esse último desenvolvido em parceira com a Dengo (www.dengo.com.br). “Essa linha foi criada a pedido de nossos clientes estrangeiros que vinham ao Brasil e queriam levar alguma lembrança com sabores daqui”, diz.
Todos os clientes que visitam as lojas podem provar gratuitamente o chá do dia. “Continuamos investindo na educação dos consumidores para podermos crescer”, enfatiza.
Mercado Corporativo
A Talchá atualmente tem investido bastante no mercado corporativo, oferecendo opções elegantes para cafeterias, empresas e restaurantes. “Passamos os primeiros cinco anos ou mais, educando o mercado, explicando, ensinando, batendo com a cara na porta inúmeras vezes. Diziam que nossos chás eram caros, que o cliente não ia entender. Agora, estamos colhendo os frutos desse trabalho e fechando grandes parcerias”, diz.
A última delas foi com a Kop Koffee, nova rede de cafeterias da Kopenhagen, leia matéria aqui, bem como a Suplicy Cafeteria, Le Jazz (www.lejazz.com.br), Rede Piu (www.piurestaurante.com.br), entre outros.
Linha de presentes
Tudo o que tem na loja é importado, inclusive sua linha de utensílios e presentes. São inúmeros itens que vão desde bules, xícaras, canecas, infusores, chaleira, medidores, jarras etc., tudo para deixar a experiência do chá muito mais saborosa.
“Sobreviver no mercado de chás no Brasil não é fácil, atualmente, nossa batalha é o câmbio, que não está nada favorável às importações. Mas continuamos acreditando, principalmente no ecommerce, que deverá ter nos próximos anos um crescimento exponencial, com a utilização cada vez maior do celular na vida das pessoas. Nesse momento, estou focada na nossa operação para o Natal, com a importação de blends campeões, como o de frutas vermelhas, o Noel e Christmas Tree”, finaliza.