A Teakettle, loja de chás de São Paulo, é o primeiro estabelecimento a receber os produtos, que já podem ser comprados também pelo site
A equipe do Grão Especial esteve na Teakettle (www.teakettle.com.br), casa de chás da zona sul de São Paulo, capitaneada pela “tea sommelier”, Sylvia Florinda Pereira, para uma primeira degustação dos chás ortodoxos da Índia.
Entretanto, o lugar não podia ser mais apropriado. A Teakettle é a casa de chás mais aconchegante da cidade. Tudo é especial e desenhado para que seus clientes tenham uma experiência única, onde é possível degustar mais de 100 blends, originários de diversas regiões produtoras em todo o mundo.
(Detalhes da casa de chá Teakettle: elegência e chás especiais localizado na zona sul de São Paulo)
Além de dirigir a Teakettle, Sylvia é farmacêutica, cursou biologia e agricultura biodinâmica, possui formação em fitoterapia e aromaterapia e fez inúmeros cursos de especialização em chás na França (L’École du Thé). Além disso, trabalhou mais de 10 anos no prestigiado laboratório alemão, Weleda.
No dia que estivemos lá, estávamos acompanhados do mineiro indiano, Alick Nilesh Barreto, da empresa Advantage Brics (www.advantagebrics.com.br), e de seu parceiro, Victor Melão.
“A Índia deu ao mundo presentes como a Yoga e a Ayurveda. Os chás ortodoxos da Índia são produzidos em regiões longínquas, em encostas de montanhas de até 2000 metros. Milhares de pequenos produtores, em sua imensa maioria, mulheres, colhem, manualmente, apenas as folhas dos topos das plantas, num trabalho de muita paciência, conta Alick, que está trabalhando juntamente com o Tea Board of India (www.teaboard.gov.in) para trazer o que de melhor se produz naquele país para os apreciadores brasileiros dos chás.
O que são chás ortodoxos
Os chás ortodoxos oferecem a mais autêntica experiência de se sorver a bebida. Portanto, seja ele preto, verde, branco ou oolong, são conhecidos por sua complexidade em sabor e delicada manufatura, razão pela qual são muito valorizados no mercado de chás no mundo.
É produzido pelo método ortodoxo, antigo, manual mais preocupado em preservar a qualidade singular da folha. Nesse caso, apenas uma única folhinha, bem no topo da planta, é colhida. Sendo assim, utiliza-se técnicas tradicionais, demoradas e que requerem uma grande quantidade de intervenção humana.
Todos os lotes de folhas colhidas são tratados por uma precisa quantidade de murchamento da mesma, rolagem e oxidação, fermentação e secagem, realizada por profissionais treinados para que apenas o melhor seja extraído.
Em suma, os melhores chás do mundo são produzidos pelo método ortodoxo.
Sua produção
A Índia é o segundo maior produtor de chás do mundo, atrás apenas da China. E também é o maior consumidor mundial de chá preto. Os três chás indianos mais conhecidos e apreciados são o Darjeeling, o Assam e o Nilgiri.
Os chás ortodoxos da Índia estão sendo consumidos no mundo todo. A empresa Advantage Brics, juntamente com o Consulado Geral da Índia, promoveu, em fevereiro último, um encontro, Indian Tea – “A Cup for Every Mood”, em São Paulo, cujo principal objetivo foi o de apresentar ao mercado brasileiro informações sobre o plantio, cultivo e a produção dos principais chás ortodoxos indianos: Darjeeling, Assam, Nilgiri, Kangra, Munnar, Dooars-Terai e Masala Tea.
Onde comprar
A Teakettle já está comercializando os chás ortodoxos indianos. Um pacote de 30 gramas custará R$ 38,00. A ideia do empreendedor é importar latas de 250 gramas dos chás, mais fáceis de armazenar.
A Degustação
O primeiro chá ortodoxo indiano que Sylvia nos serviu foi o chá preto, Amaya. “O chá está muito ligado ao bem estar, principalmente o preto, porque é digestivo. Esse tipo de chá cai muito bem no gosto do brasileiro, mais até que o chá verde, explica Sylvia.
Chá de Assam
Assam é um dos estados da Índia e fica localizado no região leste do país, cheio de florestas verdes e exuberantes, com planícies onduladas e é o berço do rio Bramaputra, com 2.900 km de comprimento. É conhecida como a casa dos Rinocerontes de um só chifre, tigres, inúmeras espécies de aves e um dos últimos habitats dos elefantes asiáticos. É o berço dos chás de Assam.
Os chás de Assam são conhecidos, acima de tudo, por sua característica maltada, intensa e encorpada, com brilho de cobre acastanhado. São colhidos na maior área única e contínua de cultivo de chá do mundo.
O Assam tem cinco periódos distintos de colheitas. O primeiro deles é em março, abril, a chamada primeira colheita, cujo resultado produz chás claros com infusão verde.
A segunda colheita acontece em maio e junho. Resultam em chás superiores com infusão e líquido brilhantes. São bastante consumidos pelo Reino Unido, Irlanda e Alemanha.
Cerca de 50% da colheita do Assam é feita entre julho, agosto e setembro, época das chuvas. Os chás tendem a ficar claros e marrons devido à umidade excessiva do ar.
De outubro a 15 de novembro dá-se a colheita de outono. A qualidade é acima da média. As melhores plantações administradas de chás têm um gosto desejável de colheita de outono e é característico em seu chá.
Já a última colheita acontece entre 15 de novembro e 15 de dezembro, é a colheita de clima frio.
Chá de Nilgiri
Chá de Nilgiri, segundo a tea sommelier, é um chá mais delicado, menos intenso, refrescante. Ele tem um floral no final que vai bem com qualquer lanche.
Os chás Nilgiri são cultivados nas Bluen Montains, com cordilheiras de até 2 mil metros de altura, no estado de Tamil Nadu, sul da Índia. É suavemente perfumado, requintadamente aromático com tons elevados de notas florais suaves.
É ideal para o preparo de chás gelados, já que não ficam turvos. Uma curiosidade, é que suas folhas são colhidas ao longo de todo o ano. O ortodoxo Nilgiri foi registrado como Indicação Geográfica.
Chá Darjeeling
Certamente o chá Darjeeling é o mais procurado do mundo, considerado o champagne dos chás. Nenhum outro pode reivindicar seu sabor único de “Moscatel”, aroma único e buquê requintado.
Darjeeling é um distrito em Bengala Ocidental, no sopé dos Himalaias. Sobretudo, é aqui que a altitude ideal, clima perfeito e quantidade correta de sol e chuva, orquestram uma obra-prima denominada chá de Darjeeling.
O clima fresco e úmido, o solo, a chuva e o terreno inclinado se combinam para dar ao darjeeling seu sabor inigualável. É colhido quatro vezes ao ano, resultando em quatro variedades de chá darjeeling.
É plantado em 87 fabulosos jardins e, quando infudido, traz uma coloração suave de limão a âmbar intenso. Seu gosto é complexo e seu sabor residual é intenso.
Chá de Kangra
O Chá de Kangra é plantado em Kangra, um pequeno distrito em Himachal Pradesh, um dos estados do norte da Índia, na dobra das Cordilheiras de Dhauladhar.
É famoso por seu sabor único com fragrância semelhante a uma flor com notas verdes refrescantes.
O chá de Kangra também é registrado como uma indicação geográfica.
Chá de Munnar
Munnar está localizado na confluência de três riachos das montanhas Madrapuzha Nallathanni e Kaundala e que quer dizer, céu na terra e casa do chá de Munnar.
Os chás de alta elevação de Munnar trazem uma xícara viva, floral e leve, a qual é renovada para o sabor de alto cultivo das Cordilheiras altas. São chás encorpados, verdadeiro sabor da Índia do sul .
Chá Dooars –Terai
Nos sopés do Himalaia, a região de Dooars-Terai, com sua espetacular vida selvagem, rios sinuosos e rica fauna e flora, é a casa do famoso chá de Dooars-Terai.
Apesar de não ser tão intenso como o chá de Assam, os chás desta região são conhecidos por seus líquidos encorpados e pesados.
Masala Chai
O Masala chai significa chá com especiarias misturadas. Trata-se da forma mais popular de chá na Índia. É uma combinação de chá preto indiano, leite, gengibre, cardamono, canela, cravo-da-índia e pimenta do reino.
Originado no subcontinente indiano, a bebida ganhou popularidade mundial.
Novos negócios no radar da Advantage Brics
A família de Alick Nilesh Barreto é indiana, de Goa, e seu pai, muitos anos atrás, foi transferido para Dusseldorf, na Alemanha. E, de lá, como dominavam o idioma ( Goa foi colonizado por portugueses) vieram então para o Brasil, para trabalhar numa empresa de aço. Alick já nasceu aqui, em Minas Gerais. A família voltou para a Índia e ele permaneceu por aqui.
Alick adiantou para o Grão Especial que, no primeiro semestre de 2019, irá montar a primeira unidade de sua rede de lojas, Do Indiano. “Nossa proposta é concorrer com a japonesa Daisu, que oferece infinidade de produtos, a maioria que você nem sabe que precisava, a preços muitos baratos. “Na Índia, temos uma infinidade de mercadorias que, com certeza, os brasileiros irão adorar”. Uma oportunidade, inclusive, para auxiliar a fortalecer o consumo de chás indianos no Brasil que, aliás, vem crescendo significativamente.
O mercado de chás
Segundo o executivo Victor Melão, o mercado de chás importados no Brasil passa por um momento bastante interessante. Em 2017, houve um crescimento de quase 50% das importações se comparado com o ano anterior. Foi o segundo maior volume da década, sendo superado apenas pelo ano de 2014, resultando em negócios da ordem de U$ 3,7 milhões.
Índia
A Índia é o quarto maior exportador de chás do mundo, com a marca de 232,92 Kg em 2015/16, e negócios da ordem de US$ 686,67 milhões.
A princípio, o seu principal comprador em termos de volume é a Rússia, com 48,23 milhões de kg, seguido do Irã, com 22,13 milhões de Kg e Paquistão, com 19,37 milhões de kg.
Em valores, os principais mercados no mesmo período, foram a Rússia ( US$ 102,48 milhões), Irã ( US$ 87,39 milhões e Reino Unido ( US$ 62,8 milhões) Fonte: Tea Board of India
Maiores produtores de chás do mundo
- China
- Índia
- Quênia
- Sri Lanka
Maiores consumidores de chás do mundo
- Rússia
- Irã
- Paquistão