Já são mais de 1500 pontos de vendas em todo o Brasil, além de uma rede de supermercado dos EUA, Seabra Foods. Próximo passo é transformar a Coffee ++ na primeira marca internacional de cafés especiais brasileiros e abrir lojas físicas que funcionarão como espaço de experimentação sensorial
Lançado pouco antes do início do coronavírus, o e-commerce de cafés especiais, Coffee ++ (visite o site), comandado por Leonardo Montesanto Tavares e seus sócios, Pedro Brás e Rafael Terra, todos produtores de cafés especiais premiados internacionalmente, foi criado com a missão de oferecer aos brasileiros os melhores cafés especiais, muitos deles premiados no Cup of Excellence. Esses cafés, invariavelmente, eram exportados, graças aos altos preços que alcançavam nos concursos. Como consequência, os brasileiros não tinham a chance de degustá-los. Ao criarem o e-commerce, passaram a oferecer cafés especialíssimos no mercado interno.
Agora, os cafés da marca Coffee ++ – que já está registrada no mundo inteiro – , também podem ser encontrados em mais de 1500 pontos de venda em todo o Brasil e também no supermercado americano, o Seabra Foods, que atua nos estados da Flórida, New Jersey e Nova York, cujo proprietário, Antônio Seabra, é descendente de portugueses. “Vamos transformar a Coffee ++ na primeira marca internacional de cafés especiais do Brasil, já mandamos o primeiro container pra lá. Tudo foi pensado para isso, inclusive sua embalagem, com as cores da nossa bandeira, que podem ser reconhecidas de longe, nas gôndolas dos supermercados”, conta Leonardo. Num primeiro momento, irão comercializar apenas cafés brasileiros. Depois, terão outras origens, porque o mercado internacional anseia por isso. “Defendo que aqui dentro, temos todos os terroirs do mundo, mas os compradores não entendem assim. Então, para ser global, tem que café africano, da América Central, etc”, explica.
A Europa ficará para mais tarde. “Vamos sentir os EUA primeiro, gastar uma saliva danada lá, aprender com os erros para, depois, embarcarmos na Europa, que é outro bicho”, argumenta o empresário.
Antes disso, Leonardo e seus sócios querem iniciar o processo de abertura de algumas lojas físicas, começando por Belo Horizonte, que sejam mais do que isso: “serão pontos de experiência onde quero levar o dia a dia da fazenda para o centro das capitais. Não sei se é muito utópico, mas a ideia é montar mini-fazendas para mostrar toda a produção do café, o que são o terreiro suspenso, o secador, tudo de maneira lúdica. E, se o consumidor quiser, poderá comprar cafés e produtos voltados ao universo dos coffee-lovers”, confidencia.
Para 2022, pretendem triplicar de tamanho alicerçado nas vendas do e-commerce e aumentar significativamente as vendas nos pontos fixos no Brasil. “O país é imenso, temos 20 milhões de pontos-de-venda, têm muito mato pra cortar ainda”, finaliza.
Criação da Coffee ++
Leonardo faz questão de lembrar que tudo começou com seu avô, Aprígio Tavares Jr., comerciante de café da cidade de Ponte Nova, Minas Gerais. “Meu avô vendia café das fazendas da região para a 3Corações nas décadas de 50 a 80 do século passado. A empresa estava muito mal financeiramente e todo o dinheiro do meu avô estava preso lá, por conta das vendas que ele não conseguia receber. Então, ele passou a administrar a massa falida da 3Corações e a tocar a fábrica, junto com o meu pai e seus tios. Em 2000, venderam a marca para uma empresa israelense, a Strauss-Elite, dona atual, juntamente com a São Miguel Holding, de Pedro Lima, dono do café Santa Clara, da 3Corações.
Desde então, o Grupo Montesanto Tavares vem atuando em todas as cadeias do café: produção, logística, armazenagem, exportação e importação, com as seguintes holdings: Atlântica Coffee (cafés comerciais), Cafebrás (cafés especiais) e Ally Coffee (com sede na Suíça, só comercializa internacionalmente cafés especiais com alta pontuação), InterBrasil Coffee, Armazéns Leste de Minas, Atlântica Agro e as fazendas Rio de Janeiro, Matilde, Primavera e o Instituto Café Solidário
Antes de criar com seus sócios a Coffee ++, Leonardo cuidava das cinco fazendas da família, incluindo a Primavera. “Comecei a olhar de um modo diferente para a produção. Percebei que a produção dos cafés especiais é muito semelhante ao do vinho.
O catuaí responde, hoje, por quase 60% do parque cafeeiro no Brasil. É uma espécie que foi desenvolvida em laboratório e vai bem em altitudes diversas, de 600 a 1400 metros.
Até que, em 2015, comecei a visitar as melhores fazendas da América Central, aprendendo o que eles faziam com a fruta no pós-colheita. E foi surpreendente. Nós não éramos preocupados em fazer qualidade. Cheguei a ir cerca de três vezes por ano para o Panamá, Colômbia. O resultado de todas essas viagens é que plantei mais de 30 variedades diferentes, buscando alcançar um novo patamar sensorial para o café especial brasileiro. Comecei a implantar as novas variedades mais promissoras e, em 2018, tive minha primeira safra. E, naquele ano, a variedade que mais se destacou, foi o Gueisha, cujo preço da saca alcançou US$ 19 mil. Foi com esse café que ganhei o Cup of Excellence daquele ano, assim como o Prêmio de Melhor Café do Brasil”, completa.
Na SIC de 2019, Leonardo ficou pensando em como o brasileiro poderia também consumir cafés especiais premiados e teve a ideia do e-commerce. “Convidei meus sócios e parceiros, que também são produtores premiados e, voilà! Criamos a Coffee ++, não sem antes pedir demissão ao meu pai”, finaliza.