Localizada em Espírito Santo do Jardim, interior de São Paulo, a propriedade se equipou para receber os visitantes especiais com áudio-descrição e degustação de cafés
Localizada entre os municípios de Santo Antônio do Jardim e Espírito Santo do Pinhal, em São Paulo, a fazenda Retiro Santo Antônio é referência quando o assunto é sustentabilidade. De origem familiar, além de cafés especiais, da marca Kaynã, e da produção de milho moído à pedra, mel, selagem de milho e gado, a fazenda investe em diversidade e inclusão.
Um dos seus projetos mais bem-sucedidos é o de promover, desde 2017, visitações de deficientes visuais em sua plantação de café. “Desde criança, sempre tive paúra em desenvolver alguma deficiência visual. Nunca tive ninguém na família com essa condição mas, sempre achei que precisava proporcionar algo de positivo para essas pessoas. Foi então que me veio a ideia de promover visitas ao cafezal da fazenda para esse público. E o resultado tem sido excelente”, conta Jefferson Adorno.
Jefferson pensou em todos os detalhes para recepcionar as pessoas com alguma deficiência visual ou mesmo cegos. “É preciso que eles tenham um ambiente seguro e, ao mesmo tempo, acolhedor. Afinal, temos cinco sentidos, não apenas um. Nas visitas ao cafezal, mostramos por meio de áudio-descrição todo o processo da produção de cafés. Eles passeiam com segurança pelas ruas do cafezal, segurando em estacas com cordas para se orientarem, provam as frutas do café em diferentes maturações, ajudam a colher as frutas maduras, vão ao terreiro checar a secagem dos grãos, enfim, desenhamos um passeio em que eles usam todo o seu potencial de sensações. Eles saem maravilhados”, conta.
Após o percurso, Jefferson os acompanha para o almoço na cidade e, na sequência, para completar o programa, visitam uma cafeteria parceira da fazenda, onde conhecem o processo de torra dos cafés e ainda têm a oportunidade de provar diferentes tipos de café, como da região da Mogiana, do Cerrado Mineiro, microlotes de café especial e commoditie, para perceberem as diferenças.
Para participar da visitação, basta contatar a fazenda pelo número do whatsapp, (19 99994107) com uma antecedência de, no mínimo, uma semana. Em função da pandemia, os grupos não podem exceder a oito pessoas. As visitas são abertas a todas as pessoas. “Aqui fazemos de tudo para que ninguém se sinta diferente ou excluído”, conta Jefferson.
O café Kaynã
O café Kaynã, em tupi guarani, morador do mato, é produzido de forma sustentável, na sombra da mata preservada da fazenda, onde já foram recuperadas mais de seis mil plantas da Mata Atlântica. Em seu cultivo, são praticadas diversas técnicas agroecológicas e os resíduos têm destinação certa, de acordo com o proprietário.
A embalagem é feita de papel certificado, kraft, 100% reciclável, com todas as informações sobre a produção, inclusive em braille. Parte da renda da venda é destinada à Fundação Dorina Nowill para cegos, para patrocinar ações de inclusão social e reabilitação de pessoas com deficiência visual.
O café Kaynã é comercializado na loja virtual da fazenda www.kayna.com.br , e na Casa Santa Luzia www.santaluzia.com.br, Padaria Santiago @santiagopadariaartesanal. O Instituto ATA, www.institutoata.org.br. comercializa o fubá de milho produzido na fazenda.