Ligeiro Amargor, quadrinho africano sobre chás, será lançado em maio, pela editora SKRIPT

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Koffi Roger N’Guessan, é aclamado autor da Costa do Marfim

Quando se pensa em chás, a associação mais óbvia que fazemos é com os países dos Oriente, China e Japão, certo? Mas o que pouca gente sabe no Brasil é que o continente africano é um grande produtor de chás e que a bebida faz parte da cultura local, principalmente, da parte oriental do continente.

E, quando se pensa em quadrinhos, logo nos vêm à mente quadrinhistas americanos e europeus e, claro, japoneses com seus mangás. Mas sabia que o continente africano produz quadrinhos excepcionais também? De maneira geral, a literatura africana é pouco conhecida no Brasil, apesar de nossas origens históricas.

O casamento entre os quadrinhos e o chá se deu pelas mãos de Koffi Roger N’Guessan, aclamado autor, ilustrador e professor de artes plásticas da Costa do Marfim. E com a colaboração de Elanni e Djaï, roteiristas das Ilhas Maurício e Madagascar, respectivamente, todos apreciadores de chás. Juntos, foram responsáveis pela criação do quadrinho “Ligeiro amargor: uma história do chá”.

A obra original foi escrita em francês e publicada pela editora L’Harmattan BD, dentro de uma coleção tradicional da França, que já tem mais de 40 títulos, em sua grande maioria desconhecidos do público brasileiro.

No Brasil, a edição e adaptação é do professor Marcio Rodrigues, do canal do Youtbe, Quadrinhos Africanos. Ele é doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, Rodrigues é pesquisador interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, onde idealizou a linha de pesquisa Linguagens e Africanidades. E a tradução é de Maria Emília Palha Faria, Mestre em Tradução Literária pela Université Lumière Lyon II.

A obra está sendo financiada pelos futuros leitores, pela plataforma de financiamento coletivo, www.catarse.me/cha. E, até o momento, já bateu a meta de arrecadação em 231%. “Esse valor será utilizado para as despesas de impressão e dos direitos autorais”, comenta o editor da SKRIPT, Douglas Freitas. O site também está disponibilizando a pré-venda da obra, que deverá ser lançada em julho/agosto.

A fundadora da Escola de Chás Embahú, Yuri Hayashi (leia matéria aqui) assina o prefácio do quadrinho.

O quadrinho africano

“A obra me chamou a atenção por ser um romance gráfico histórico e crônica fictícia, com uma carga poética muito interessante. Publicada na França há dois anos, os quadrinhos transportam o leitor ao coração de vários continentes e épocas, nas pegadas de uma bebida mística, cultural e globalizada como o chá”, conta Marcio.

Ligeiro Amargor
“Mantivemos a capa original, da edição francesa, porque quisemos preservar toda a essência dos traços africanos de Koffi, que é professor de Artes Plásticas”, diz Marcio.

“Ligeiro amargor: uma história do chá” faz o leitor descobrir a história do chá no mundo, desde à sua descoberta na Ásia à sua expansão na África por meio de Adjoa, a protagonista. Uma curiosidade é que seu nome corresponde às pessoas que nascem em uma segunda-feira, na língua natal do autor, e que não por acaso é o nome de sua segunda filha.

Pequeno spoiler

O quadrinho conta a história de Adjoa, desde a sua infância, quando sua mãe lhe apresenta o chá. Conhecemos, por meio da personagem, como o chá chegou à África partindo da China e conquistou o paladar de pessoas de diferentes partes do mundo. “Um de seus pontos altos é tratar a história com grande acuidade. Guerras, invasões e até espionagens são uma parte saboroso da HQ”, se entusiasma.

 Um exemplo é que, antigamente os africanos não bebiam chás, mas consumiam infusão de menta ou de tomilho e, graças aos marroquinos, o restante da África Ocidental descobriu a bebida. “O chá chegou ao Marrocos pelas mãos do Duque de Buckingham, a mando de Charles II, rei da Inglaterra, Irlanda e Escócia, que teria ido negociar com o sultão Mulei Ismail a libertação de prisioneiros britânicos, no capítulo da história que ficou conhecido como o episódio Tanger. Os prisioneiros foram trocados por uma carga de folhas de uma planta que os chineses bebiam há milênios.

A produção de chás no continente africano

“Há vários anos a África oferece todas as famílias de chá: preto, escuro, defumado, roxo, verde, branco, oolong. Atualmente, a África possui 12 países produtores de chás: Quênia, Malawi, Uganda, Burundi, Tanzânia, Moçambique, Ruanda, Zimbábue, Etiopia, Camarões, República Democrática do Congo e Ilhas Maurício, finaliza Marcio.

Leia aqui, com exclusividade, uma pequena parte do HQ:

Crédito: Skript Editora

Ligeiro amargor: uma história do chá

HQ colorida, com 80 páginas, formato 16X23, capa dupla com orelha e verniz localizado.
Preço: R$49,00
Pré-venda até 1 de maio no Catarse, www.catarse.me/cha.

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