Para isso, tem investido em tecnologia para o pagamento à distância
A cidade de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, é um caso a parte no Brasil. Com pouco mais de 160 mil habitantes, é a cidade brasileira com o melhor IDH do Brasil e é também o 48o. maior PIB brasileiro. Os índices de criminalidade são também, muito abaixo da média.
Nesse oásis, nasceu o empreendedor Deiverson Migliati que construiu em três anos, uma das mais admiradas redes de franquia, a Sterna Café, cuja principal missão é a de popularizar os cafés especiais para o brasileiro. Mas para isso, se vale dos preços praticados em suas 35 unidades, onde a xícara de café especial custa, em média, R$ 4,50, muito abaixo da concorrência.
Entretanto, com uma meta de chegar até o final de 2018 com 50 unidades abertas, Deiverson enxergou uma oportunidade ímpar, logo após fazer uma de suas muitas viagens internacionais, seu hobbie.
Como tudo começou
Ao chegar na Coreia do Sul, em 2014, foi então que percebeu que a cena dos cafés especiais estava bombando. “Era uma cafeteria atrás da outra, bonitas, cheias de clientes e oferecendo em seus cardápios os melhores cafés especiais do mundo, inclusive do Brasil”, conta.
Todavia, viu que as cafeterias ofereciam também, diversos métodos de preparo, coisa que o brasileiro definitivamente, não estava acostumado.
De volta ao Brasil, formatou seu negócio e, diante das dificuldades de capital para investir, começou a procurar oportunidades para abrir sua primeira casa, sem que precisasse investir em aluguel, luvas etc.
“Minha rede de contatos foi primordial. Rabisquei num guardanapo a proposta da Sterna Café ( que até esse momento nem nome tinha), e vim apresentar o projeto em 1o. de setembro de 2015 para a diretoria do hospital Sabará, em Higienópolis, uma referência em atendimento infantil”, lembra.
A primeira cafeteria
O fato é que eles gostaram do que viram e a princípio deram carta branca para Deiverson abrir sua primeira cafeteria. Teve então quatro meses para colocar a unidade funcionando. “Desenvolvi o cardápio com cafés especiais e outras bebidas populares em outros países”, diz. O nome veio da ave Sterna, tipo de andorinha conhecida por percorrer grandes distâncias na época da migração, e referência clara às suas viagens.
Contudo, Deiverson, no começo, conseguia fazer o hunting dos cafés especiais que servia na rede mas, agora, com o crescimento do número de lojas, passou a curadoria para a Wolff Cafés, que também é responsável pela torra e treinamento dos baristas.
“Só servimos cafés acima de 84 pontos da escala SCAA, sendo que 90% dos cafés que oferecemos são torrados pela Wolff Cafés. Das minhas viagens, trago microlotes de países produtores como Etiópia, Uganda, Colombia, e dou para meus franqueados. E eles, por sua vez, sempre que esses cafés especiais chegam em suas unidades, convidam seus melhores clientes para degustar. Dessa forma, estou ajudando o brasileiro a conhecer melhor o café que bebe, bem como os métodos de preparo. Fico genuinamente feliz quando entro em uma Sterna Café e em cada mesa vejo um método de preparo diferente”, conta.
As franquias
Sobretudo, o sucesso da franquia deve-se, em grande parte, aos lugares escolhidos: sempre em centros comerciais ou hospitais de referência. “Como não tinha dinheiro para investir, precisava ter certeza do retorno. Abrimos, então, no espaço de inovação do Banco Itaú, o Cubo Coworking, no Itaim, no prédio do Nubank, em Pinheiros, além dos hospitais Sabará, em Higienópolis e no Hospital São Luiz, em São Caetano. Todos lugares com alta rotativa e consumo certo de cafés”, explica. Nos últimos 24 meses, venderam 500 mil xícaras de café. É a primeira rede de franquias de cafeterias de cafés especiais homologada pela Associação Brasileira de Franquias.
Entretanto o vento mudou de direção e, nesse momento, os Shoppings passaram a procurar a rede. Nesse movimento, abriu recentemente uma unidade no Shopping Anália Franco e na fila, uma nova casa dentro da livraria Saraiva, do Shopping Eldorado. “E muito provavelmente, no Shopping Granja Vianna, em Cotia, no mesmo formato”, adianta.
O Sterna Café está presente em São Paulo, Belo Horizonte, Santos e Campinas. Fortaleza, Brasília, Curitiba, Goiânia serão abertas até o final do ano, mas também está estudando a internacionalização da marca com propostas para montar uma loja em Washington DC e Coral Gables, nos EUA; e em Cascais, em Portugal. “Estou avaliando, também, propostas no Uruguai, em Málaga, na Espanha e em Londres e, o segredo mais bem guardado, um possível interesse de um grande grupo japonês no mercado brasileiro de cafés especiais. Mas isso ele não conta nem amarrado.
Investimento
A franquia possui vários modelos de negócios diferentes: o primeiro deles é o carrinho, para prédios corporativos, que demandam um investimento entre R$ 8 a R$ 100 mil; o to go, desenhado especificamente também para prédios corporativos, na faixa de R$ 150 mil; quiosque, entre R$ 150 a R$180 mil e lojas maiores que custam entre R$ 300 a R$ 500 mil. A taxa de franquia é de R$ 30 mil.
A rede fechou 2017 com um faturamento de R$ 10 milhões e, para 2018, esperam um incremento de 30%.
Tecnologia como atrativo: Sterna 2.0
Como atuam em ambientes de trabalho onde tempo é fundamental, a rede está investindo R$ 100 mil até o final do ano, para o desenvolvimento de duas plataformas. A primeira é um aplicativo, no formato pre-order, onde o cliente, de seu carro, do Uber, ou mesmo do transporte público, pode escolher o café e pagar antes de chegar ao local. “Os americanos já aderiram a essa novidade e o brasileiro irá pelo mesmo caminho”, sentencia.
A outra é a criação de um robô, o senhor Sterna, criado por meio de um algoritmo mais inteligente, para interagir com o cliente no portal de vendas da Sterna Café, www.sternacafe.com.br. As duas soluções estão sendo criadas pelas empresas Rakuten e Neomode.
Além disso, a rede também possui seu cartão fidelidade pré-pago Sterna Café. Através do QRCode, o cliente debita automaticamente a compra no sistema da empresa.
O cliente também pode fazer seu pedido utilizando seu Apple Watch: para isso, basta aproximar o relógio junto ao POS da Rede e a operação é concretizada.
Outra opção é a de utilizar o aplicativo da Sterna Café, fazer o pedido e efetuar o pagamento da forma mais rápida possível.
Perfil Migliati
Migliati nasceu remediado, filho de operário e mãe dona de casa. Fez faculdade graças ao FIES. Seu primeiro emprego foi nas Casas Bahia, em 2002 ainda sob o comando da família Klein. De estagiário chegou à coordenador de visual merchandising. Em 2009, foi demitido, pegou um empréstimo na Caixa e comprou uma franquia da Subway. E em pouquíssimo tempo, abriu mais três lojas da marca, além de diversas lojas da KFC.
Em suas viagens, onde conheceu mais de 60 países, teve a ideia de abrir a franquia Sterna Café.