O evento acontece de 20 a 23 de junho, em Amsterdã. Os principais concorrentes de Thiago irão concorrer com cafés especiais Gueisha
O campeão brasileiro de baristas 2018, Thiago Sabino, depois de muita pesquisa, resolveu então apostar na cultivar Obatã Vermelho, desenvolvida pelo IAC ( Instituto Agronômico do Café) e plantada na fazenda Califórnia, de Luiz Roberto Saldanha, para competir no Mundial, a ser realizado em Amsterdã, de 20 a 23 de junho.
A fazenda Califórnia, produtora do café especial, está situada em Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná. Sabino lembra que, quando procurou Saldanha para conversar, o cafeicultor disse: “vou te mandar o melhor café que tenho aqui”, referindo-se ao Obatã Vermelho. Saldanha desenvolveu um processo de inoculação com levedura de champagne, destinado a aumentar a complexidade da bebida. A criação foi denominada Honney Monn e levou 10 anos para ser finalizada.
Segundo o professor e pesquisador aposentado do IAC, Luiz Carlos Fazuolli, a variedade já é boa intrinsecamente. “Sua história começa em 1967, em Portugal, quando foi criado o Cento Internacional das Ferrugens do Café, em Oeiras, a 20 quilômetros de Lisboa. O Centro foi criado para que Portugal pudesse recolher e levar para suas estufas os cafés produzidos por suas colônias, Angola, Moçambique e Timor Leste, todos produtores de cafés e estudar uma maneira de controlar a ferrugem dos cafezais. A espécie surgiu por acaso, do cruzamento natural do Villa Sarchi ( 100% Bourbon) com o Híbrido de Timor. As pesquisas sobre a cultivar foram finalizadas em 2000, mais de 20 anos de trabalhos no campo e no laboratório.
Obatã
“Em tupi guarani, Obatã quer dizer, folha forte e suas características são porte baixo e altamente produtiva, frutos grandes e vermelhos, maturação média tardia, altamente resistente à ferrugem, e é um excelente cultivar para plantios irrigados”, explica o pesquisador.
O Obatã tem uma grande complexidade sensorial, muito embora não seja plantado em altas altitudes. Na fazenda Califórnia, por exemplo, o cafezal fica a 700 metros de altitude. “Nesse caso, a altitude não é o principal, mas sim a amplitude térmica no período da maturaçäo”, justifica o engenheiro agrônomo e proprietário da fazenda Califórnia, Luiz Saldanha, que há 14 anos trabalha para potencializar as qualidades do Obatã.
O Obatã tem uma maturação tardia, exigindo dois meses a mais para ser colhido, comparando com outras cultivares.
O Obatã também vem sendo plantado em diversas fazendas da Costa Rica, num trabalho em parceira com o Instituto. E os resultados têm sido animadores. “O Obatã não veio para substituir nenhuma das outras espécies, veio apenas para acrescentar”, explica o pesquisador.
IAC trabalha numa nova cultivar: Gueisha com Catuaí
O IAC está trabalhando em uma nova cultivar, que é a seleção do Gueisha com o Catuaí. “Não podemos dar maiores detalhes, já que o trabalho ainda não foi finalizado e tampouco registrado. Nesse momento, a nova cultivar está se multiplicando em Mococa. Acreditamos que daqui a uns dois anos teremos novidades”, confidencia o pesquisador.
Fotos e vídeos: Clodoir de Oliveira