Resultado de 117,4 pontos reflete, em boa parte, a piora na percepção das indústrias sobre a economia brasileira.
O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil, fechou o primeiro trimestre de 2021 em 117,4 pontos, uma queda de 4,0 pontos em relação ao levantamento anterior.
Contudo, a análise apontou que o nível de confiança ainda está num patamar alto. O índice atual é 17 pontos superior ao do primeiro trimestre do ano passado, quando ocorreu o início do impacto da Covid-19. De acordo com a metodologia do estudo, resultados demonstram otimismo quando são superiores a 100 pontos, e pessimismo quando ficam abaixo dessa marca.
Roberto Betancourt, diretor titular do Departamento do Agronegócio da Fiesp, destaca que a maior parte das entrevistas para o índice foi realizada em março. “Pegamos a fase do avanço no número de casos de Covid-19, o que levou a redução na atividade devido a lockdowns em várias regiões do país e as sucessivas revisões negativas nas estimativas para o crescimento do PIB em 2021”.
No período, foi possível observar um descolamento no otimismo dos produtores agropecuários e das indústrias. O real desvalorizado e a alta das commodities agrícolas no mercado externo impulsionaram os preços ao produtor agropecuário no mercado interno. As indústrias, por sua vez, enfrentaram pressões sobre os custos e viram crescer os sinais de descontrole da inflação – o que é sempre uma ameaça aos planos de investimento e, no caso das empresas de alimentos, ao consumo das famílias.
O Índice de Confiança das Indústrias (Antes e Depois da Porteira) inseridas nas cadeias agropecuárias recuou 6,2 pontos, chegando a 110,7 pontos.
Índice de Confiança das Indústrias Antes da Porteira
O humor das indústrias de insumos foi influenciado pelas condições do mercado no fim do primeiro trimestre, o que explica a queda de 4,9 pontos no índice de confiança das indústrias situadas Antes da Porteira, que fechou a 108,0 pontos. Tanto as avaliações das condições atuais quanto das expectativas recuaram.
Considerando que a comercialização de insumos agropecuários começou o ano de forma antecipada, muitas empresas vislumbravam um indício de crescimento no mercado. “Os produtores, porém, começaram a se afastar das negociações, que evoluíram pouco em março – em parte pelo atraso na colheita da soja, mas também pelo aumento dos preços dos insumos causado pela desvalorização do real. Isso mostrou que, talvez, o mercado não evolua tanto quanto se imaginava”, pondera Christian Lohbauer, presidente executivo da Croplife Brasil.
Índice de Confiança das Indústrias Depois da Porteira
As indústrias situadas Depois da Porteira foram, dentre todos os segmentos pesquisados, as que mais perderam confiança no primeiro trimestre de 2021. Seu índice fechou em 111,9 pontos, queda de 6,7 pontos em relação ao levantamento anterior. “Um dos motivos foi a pressão de custos trazida pela alta dos grãos e do boi gordo a setores como o de alimentos. As margens dos frigoríficos no mercado interno, por exemplo, passaram praticamente todo o trimestre pressionadas. A piora nas estimativas para o crescimento da economia prejudica, além disso, as perspectivas para o consumo”, completa Betancourt.
Índice de Confiança do Produtor Agropecuário
Os produtores agropecuários se mantiveram entusiasmados. Seu índice de confiança permaneceu praticamente estável, fechando o primeiro trimestre do ano em 126,7 pontos (um recuo de apenas 0,98 ponto).
Índice de Confiança do Produtor Agrícola
Os produtores agrícolas compõem o grupo mais confiante dentre todos os que fazem parte da pesquisa: 127,9 pontos. “Os aspectos positivos foram os preços, nos quais os agricultores demonstraram um dos maiores graus de entusiasmo em todo o histórico do levantamento, a produtividade, que em março se consolidava em ótimos patamares nas principais regiões produtoras, a despeito do clima atribulado durante boa parte da safra, e o crédito”, diz Lohbauer.
Apesar disso, o índice recuou 1,3 ponto sobre o trimestre anterior, puxado pelo principal fator negativo do levantamento. “Aumentou o pessimismo em relação aos custos de produção, impactados pelo real desvalorizado e pela alta das matérias-primas no exterior”, complementa Lohbauer.