A ideia é ser o ecommerce de cafés especiais com a maior variedade de microlotes e nanolotes de todas as regiões produtoras do Brasil
Virgílio Dornelas cresceu ajudando seu pai, seu Alcides, na pequena propriedade de três alqueires e sete mil pés de café em Braúna Preta, Caparaó. Lá, numa altitude de 1010 metros, aos sete anos, aprendeu a cuidar de sua pequena lavoura, já que desde cedo todos eram estimulados a terem seu próprio negócio.
“Esse bendito dinheiro pagou minha faculdade de turismo em Muriaé”, conta Virgílio. Na faculdade, se especializou em planejamento estratégico e desenvolvimento de destinos e foi utilizar seus conhecimentos adquiridos na ONG Iracambi (www.br.iracambi.com), voltada para a preservação da Mata Atlântica. Lá, conheceu sua esposa, a inglesa Jemma Elizabeth Curry.
“Eu cresci profissionalmente no Terceiro Setor, com desenvolvimento comunitário e percebi um grande gargalo na comercialização dos cafés especiais, sob a ótica do pequeno produtor e dos microtorrefadores, que têm muita dificuldade em vender seus cafés. Quando conseguem desovar a pequena produção, raramente recebem um bom preço pelo seu trabalho. Estudamos todas as dificuldades e oportunidades e criamos o MelhorCafé”, explica.
E faz questão de frisar: “não somos apenas mais um comércio eletrônico que vende cafés especiais. Como a gente carrega toda essa pegada de Terceiro Setor, pra nós não é só vender. É vender e promover o desenvolvimento, o fortalecimento e aumentar a força do pequeno agricultor familiar”, conta orgulhoso.
Objetivos do E-commerce
Para Virgílio, o principal objetivo do e-commerce é o de ajudar o pequeno produtor, microtorrefador ou pequenas cooperativas de cafés especiais a vender diretamente ao consumidor final, de qualquer parte do país. Para isso, o produtor monta sua loja virtual, que fica hospedada dentro da Plataforma, sem qualquer custo. “O próprio produtor, cria suas promoções, cupons de desconto, cadastra quantos marcas quiser vender, gerencia o estoque, administrar os pedidos, sempre com nosso suporte”, conta. E cada produtor também é responsável pela entrega de seus cafés e por sua divulgação.
“Já percebemos que, quanto mais informações sobre o produto, maior é a venda. As embalagens mais bonitas também ajudam. Damos total suporte aos produtores, já que muitos deles ainda não estão familiarizados com a internet”, diz.
Por sua vez, o produtor é obrigado a colocar o maior número de informações como certificação, colheita, manejo, peneira, região, safra, forma de secagem etc.
“Basicamente, funcionamos como o www.MercadoLivre.com.br, mas especializado em cafés especiais. O cliente tem a oportunidade de escolher entre vários cafés de regiões diferentes e direto do produtor, sempre com o máximo de frescor e num ambiente moderno, seguro e fácil de usar”, diz Virgílio.
E como qualquer marketplace, o produtor arca com uma porcentagem de 11% sobre os cafés que vender. E, com esse dinheiro, Virgílio consegue manter os outros dois programas que fazem parte da plataforma, o programa de afiliados MelhorCafé.com e o projeto MelhorCafé.
Como atestar a qualidade dos cafés especiais vendidos?
Com uma gama tão abrangente de cafés especiais na Plataforma, a questão mais importante é: como atestar a qualidade dos cafés vendidos? “Pensamos muito sobre isso e, sinceramente, a garantia é o feedback de nossos clientes, em sua maioria coffee lovers. Mas fazemos questão de selecionar os produtores, só trabalhamos com quem têm ótimas referências do mercado e que se importam com a qualidade.
“Para participar, a primeira coisa que o produtor precisa fazer é se cadastrar na Plataforma. Depois disso, procuramos referências no mercado. Se aprovado, e já com a loja funcionando, toda vez que uma venda é realizada, passados 15 dias, enviamos um email ao cliente perguntando se ele gostou do café. Em caso negativo, devolvemos o dinheiro. Se o cliente quiser, também pode dar suas impressões sobre o café que comprou na própria página do produtor”, explica Virgílio.
Clube de assinaturas
O próximo passo da empreitada será oferecer ao cliente um clube de assinatura ainda no primeiro semestre de 2019. “Será revolucionário, dada a diversidade de rótulos que iremos oferecer. Literalmente, serão dezenas. Nesse momento, estamos validando junto aos produtores e torrefadores, já que a logística será bem complicada. Afinal, são inúmeros produtores rurais diferentes, torras diferentes e valores de fretes diferentes, o oposto do que acontece com os atuais clubes de assinaturas de cafés especiais no Brasil”, finaliza.
Perfil dos clientes do MelhorCafé
Apesar do pouco tempo no ar, apenas quatro meses, o empreendedor já consegue desenhar um perfil de seus clientes: “são bastante exigentes, procuram cafés acima de 90 pontos da escala SCAA, em sua maioria de São Paulo e Minas Gerais. Infelizmente, o preço do frete limita bastante as entregas para locais mais distantes, como o Sul, onde já temos muitos seguidores e admiradores”, desabafa. “Mas vamos resolver isso em breve”. Seu público é basicamente o consumidor final, porém, inúmeras cafeterias já os procuraram, o que os forçam a trabalhar para achar uma maneira de atendê-lo da melhor maneira possível.
Outro fator importante é o histórico de compras dos clientes. “Cada vez que eles compram, querem um café especial diferente”, diz. Em média, 40% de seus clientes, escolhem três a quatro cafés de regiões e torras diversas a cada compra. “Tem também aqueles que compram a cada 20 dias, querendo experimentar um de cada vez”, explica. Já são 200 compradores e esperam terminar o ano com 100 produtores cadastrados na Plataforma.
Projeto MelhorCafé
Uma parte dos lucros da Plataforma MelhorCafé irá para o projeto MelhorCafé , criado para dar suporte técnico aos produtores com potencial e interesse em produzir cafés especiais Ou ainda produtores que já produzem cafés especiais mas que ainda não possuem sua própria marca.
Tudo começou com a experiência de um pequeno produtor da Serra do Brigadeiro, no município de Rosário da Limeira, que sempre produziu café riado. Com a consultoria de Virgílio e sua sócia, orientaram o produtor por seis meses em todo o processo, inclusive no pós-colheita. No final, o produtor chegou num café de 87 pontos. “Vamos trabalhar para que o Projeto MelhorCafé se torne independente, firmando parcerias com outras empresas e organizações e que se torne uma referência no apoio de base da produção familiar, promovendo a sustentabilidade e a qualidade dos cafés brasileiros”, finaliza.
Para viabilizar o projeto, uma pequena parcela do valor de cada venda do MelhorCafé, irá ajudar outros produtores a melhorarem seus cafés. Além de todo o suporte técnico, irão estimulá-los na torra, na criação de uma marca própria para que possam comercializá-los diretamente. “A ideia é que o projeto se torne uma ONG independente, cujo principal mote será o de valorizar o produtor. Nunca esqueço meu pai, depois de um dia intenso de trabalho na lavoura, chegando em casa desanimado porque não conseguia preços justos por seus cafés”, lembra.
Programa de afiliados MelhorCafé.com
O Programa de afiliados foi criado para recompensar financeiramente as pessoas que falam e divulgam os cafés da MelhorCafé.com, seja em blogs, no Instagram etc. Funciona da seguinte maneira: as pessoas que possuem um blog, uma conta no Instagram e que postam fotos de cafés, acompanhadas de um link da Plataforma na postagem, podem ganhar uma pequena porcentagem das vendas.
Para isso, é preciso se cadastrar como afiliado MelhorCafé. Feito isso, a pessoa recebe acesso ao Painel de Controle do Afiliado, que possui várias funcionalidades, entre elas, estatísticas, comissões a receber, geração de links etc. A partir daí, basta fazer uma postagem com seu link pessoal. Sempre que alguém fizer uma compra de qualquer café do Programa de Afiliados usando o seu link, você ganha uma comissão que pode chegar até 10% do valor do café.
É importante salientar que os produtores nem os microtorrefadores são obrigados a colocar seus cafés no Programa de Afiliados. “É totalmente opcional, inclusive o valor da comissão que é paga por indicação”, finaliza.
Fotos: Melhor Café