Será a primeira vez que o Brasil passará apenas de país produtor para criador de tendências no mercado de cafés especiais
Após alguns meses da rodada de investimentos Series A, de R$ 28 milhões, a The Coffee, @thecoffee, rede de cafeterias de Curitiba, criada em 2018, anuncia a abertura de lojas próprias e franquias por toda a Europa. “A segunda rodada de captação de recursos acontecerá no começo de 2022 por meio de uma venture capital norte-americana e irá possibilitar um crescimento ainda mais rápido e consistente da rede”, explica Alexandre Fertonani, co-fundador da empresa, juntamente com seus dois outros irmãos, Carlos e Luís Fertonani.
Os primeiros países europeus a receberam a The Coffee são Portugal, Espanha, França e Hungria. “Até o final desse ano, serão abertas duas lojas em Lisboa, uma em Barcelona e uma Valência, na Espanha, uma em Budapeste, na Hungria, e uma em Paris, na França”, conta Alexandre. O formato será híbrido, ou seja, cerca de 20% serão de loja própria e 80% de franqueados, que pagarão 50 mil euros para abrir uma franquia, em média.
Evolução
A rede foi criada após uma viagem dos irmãos ao Japão, que se inspiraram na cultura local para trazerem uma arquitetura minimalista às lojas e ao uso inteligente da tecnologia aliada ao atendimento, dando um senso de modernidade aos estabelecimentos. “Começamos despretensiosamente, confesso que a qualidade do café não era a nossa principal preocupação, usávamos o gourmet. Com o tempo, ganhamos tração, nos aperfeiçoamos e percebemos que seria preciso fazer essa transição, trocar a chavinha para o mundo dos cafés especiais e foi a decisão mais acertada que fizemos”, diz.
“Todas as unidades do Brasil trabalham com os nossos cafés – selecionados por um coffee hunter -, de fazendas dos estados de Minas Gerais e do Paraná. Construímos um centro de torra construído especialmente para isso”, diz. Atualmente, a The Coffee oferece três cafés diferentes: o white, de combate, um blend utilizado na máquina de expresso, o craft e o black, mais complexos, para os coados.
Montaram um quartel-general em Lisboa, com centro logístico e de torra, para abastecer as lojas do Velho Continente. “Contratamos um profissional de torra português, independente, que recebe os grãos verdes do Brasil, que os torra de acordo com a nossa curva, de forma padronizada. “É o mesmo grão, mesma curva, mesma torra para todas as cafeterias”, explica.
Apelo internacional
Desde o início, quando criaram a marca, os irmãos tinham em mente que queriam uma rede de cafeterias que pudesse atuar em todos os continentes, que conversasse com esse mundo globalizado. “Todas as grandes cadeias de cafeterias internacionais, até agora, não optaram em trabalhar com cafés especiais, mais elaborados e de maior qualidade. Sempre deram mais atenção aos acompanhamentos como doces, pães e bolos, propriamente ditos. Viemos quebrar essa lógica e está dando tão certo que já fomos procurados por uma venture capital americana para receber um segundo aporte, pois eles sabem do potencial de crescimento das cafeterias de cafés especiais no mundo. A marca já está registrada na Europa e na Colômbia, nos EUA está em processo de finalização assim como no Brasil”, esclarece.
Será a primeira vez que o mundo assiste à entrada de uma rede de cafeterias brasileira em outros mercados e, graças ao volume, e a intenção é a de exercer uma certa influência no gosto e na maneira de beber café especial. “Até agora, o mercado produtor sempre se rende aos gostos do mercado consumidor. Veremos se conseguimos quebrar essa lógica tão perversa”, avalia Alexandre.
Além dos cafés to go, a The Coffee está preparando o lançamento de latinhas de cold brew. Os planos para a abertura de lojas na Ásia vão ficar para um segundo momento. “Tem o entrave da língua e a de serem culturas muito diferentes. Mas chegaremos lá também”, finaliza.
The Coffee
- Mais de 160 lojas abertas até dezembro de 2021
- Expectativa de faturamento – R$ 25 milhões
- Novas lojas em: Dublin (Irlanda) e Roma (Itália) além das mencionadas no texto